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Indústria de MT é única do país com autorização para produzir biocombustível para aviação

Usina de etanol de milho FS Bioenergia
[Foto – Rafael D Marques]

A unidade da FS em Lucas do Rio Verde é a primeira indústria brasileira de etanol de milho a receber a certificação internacional ISCC (International Sustainability & Carbon Certification) para produzir biocombustível para a aviação, mais conhecido como SAF (Sustainable Aviation Fuel – Combustível Sustentável de Aviação). A FS é a primeira indústria de etanol do Estado e atualmente tem unidades em Sorriso e Primavera do Leste, com capacidade de produção de 2,2 bilhões de litros de etanol por ano. 

“Essa certificação é uma importante validação de que o etanol de milho de segunda safra brasileiro é matéria-prima de baixo carbono para produção de biocombustível para setores de difícil descarbonização, como a aviação. As companhias aéreas poderão contar agora com nosso etanol como uma fonte competitiva e altamente escalável para atender globalmente esse mercado”, explica o CEO da FS, Rafael Abud.

Atualmente, a American Society for Testing and Materials (ASTM) adota critérios rigorosos para a aceitação de misturas de biocombustíveis com o querosene de aviação (QAV) de origem fóssil. Estes critérios procuram garantir a qualidade do combustível antes e depois da mistura com o QAV, para que não haja necessidade de nenhuma alteração nos equipamentos e sejam atendidos os mesmos parâmetros de segurança na utilização em aeronaves comerciais de grande porte. Quando necessário, as normas de controle incluem parâmetros diferentes dos comumente analisados no QAV derivado de petróleo.

O presidente das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind MT), Sílvio Rangel, disse que há muito espaço para a indústria de biocombustível evoluir no Estado, com o desenvolvimento de novos produtos, como a FS de Lucas do Riuo Verde, que está certificada para produzir etanol de milho para o SAF.

“A gente tem a possibilidade de entrar com outros produtos, dentro do setor como inovação como o BECCS, bioenergia com captura e armazenamento de carbono. Você pode sequestrar o carbono e introduzir no subsolo. É um projeto interessante de uma das associadas nossas. O biocombustível é uma cadeia produtiva que ela está sendo construída ao longo do tempo e vem com tecnologia 4.0 e com os melhores salários da indústria”.

Posto de combustível do Brasil

Com a expectativa de atingir a produção de 9 bilhões de litros de etanol nos próximos 10 anos, Mato Grosso caminha para se tornar o ‘posto de combustível do Brasil’ com o aumento da área plantada de milho, por meio de conversão de pastagens em lavouras, aumento na quantidade de indústrias de etanol, atualmente são 18 e há quatro plantas em construção.

“A gente acredita que esse setor ainda vai contribuir muito mais com o Mato Grosso, com o Brasil e com o mundo na questão da transição energética. Estamos falando de uma indústria que hoje traz, pelo menos, quatro importantes benefícios para o país. Produz biocombustíveis e óleo de milho; fornece fertilizantes e proteína vegetal para alimentação animal e levedura; emite créditos de carbono; e gera energia elétrica a partir de resíduos. É um setor onde tudo é reaproveitado e produz renda, gera empregos e aumenta a arrecadação de impostos”, pontuou Rangel.

Na safra 2023/2024, a produção total de etanol (cana e milho) em Mato Grosso bateu recorde, atingido 5,72 bilhões de litros, um aumento de 32% em relação ao período anterior (4,34 bilhões de litros). Este é o maior percentual de crescimento anual da produção de etanol já registrado no Estado.

Com este resultado, Mato Grosso alcança, pela primeira vez, a vice-liderança na produção nacional de etanol, atrás apenas de São Paulo. Quando se trata apenas de etanol de milho, o estado já é o maior produtor do Brasil. O crescimento da produção total de etanol foi resultado do aumento da capacidade produtiva das usinas (ampliação e nova planta), além da melhor performance das indústrias no Estado. O índice de rendimento industrial para milho e cana foi recorde nesta safra.

Do total de etanol produzido na safra 2023/24, 4,54 bilhões de litros vieram do milho; e 1,18 bilhão de litros da moagem de cana. Deste volume, 3,73 bilhões de litros foram de etanol hidratado (biocombustível que vai direto para as bombas), e 1,99 bilhão de litros de anidro (produto que é adicionado à gasolina).

Produção de milho em MT

Mato Grosso produziu 43,8 milhões de toneladas de milho, responsável por 38% da safra nacional. Neste período, a moagem de milho também foi recorde, 10,11 milhões de toneladas, um crescimento de 37,86%, o maior percentual de crescimento anual já registrado no Estado. O mesmo para a produção de etanol, cujo crescimento foi de 38,40% em relação ao período anterior.

“As usinas de etanol de milho mudaram a relação da oferta e demanda estadual do cereal, desempenhando um papel importante na sustentação do consumo desse produto e dando suporte para o crescimento da produção mato-grossense de milho”, explica a gestora de desenvolvimento regional do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Vanessa Gasch.

Outro destaque nesta safra foi o DDG (Grãos Secos de Destilaria), um coproduto do etanol de milho utilizado na alimentação animal. A produção de DDG foi de 2,12 milhões de toneladas, contra 1,6 milhão de toneladas no período anterior.

Os principais mercados do DDG mato-grossense foram o de Minas Gerais (31,4%), seguido por São Paulo (14,7%), Paraná (12,6%), Goiás (11,6%) e Mato Grosso do Sul (10%), além do próprio consumo interno (35,5% da produção).

Fonte: O Documento

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